PEC Paralela: deputados aprovaram reforma ruim e criaram limbo jurídico

by SINDESV-DF | 18/09/2019 16:21

Texto aprovado por deputados é tão perverso que senadores querem mudar. E se regras incluídas na PEC Paralela não forem aprovadas em conjunto com a PEC principal, trabalhador pode ficar sem benefícios melhores

Para aprovar mais rapidamente a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 006/2019, da reforma da Previdência, o relator do texto no Senado, Tasso Jereissati (PSDB/CE), propôs uma PEC Paralela (nº133/2019), que contém os principais pontos modificados pelos senadores.

Se o Senado alterasse o texto aprovado na Câmara dos Deputados, a proposta teria de voltar para ser analisada e votada novamente pelos deputados.

Para especialistas em Previdência, a PEC Paralela é uma confissão dos senadores de que o texto principal da reforma aprovado na Câmara é ruim e precisa ser modificado para não prejudicar, ainda mais, trabalhadores e trabalhadoras, especialmente os mais pobres e que exercem funções perigosas e insalubres.

“Seria muito mais fácil voltar para a Câmara e fazer direito, corrigindo de uma vez só a proposta, sem esperar pela tramitação da PEC Paralela. Mas o Congresso quer aprovar a reforma da Previdência a todo custo como se ela fosse a salvação da economia do país”, critica a presidente do Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP), Adriane Bramante.

“A reforma da Previdência não é a salvação da economia, assim como a reforma Trabalhista [aprovada no governo do ilegítimo Michel Temer] não aqueceu a economia e gerou empregos, como eles prometeram. Pelo contrário, só piorou a situação dos trabalhadores”, afirma.

Adriane Bramante alerta ainda que entre a aprovação da PEC 06 e a tramitação da PEC Paralela haverá um limbo jurídico, ou seja, enquanto a PEC Paralela não for aprovada ninguém saberá que regras o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) vai seguir para conceder os benefícios como pensão por morte e aposentadoria especial que terão novos critérios de concessão.

O correto, diz a advogada, seria aprovar as duas PECs ao mesmo tempo para não prejudicar os segurados. “Quem precisar do benefício vai poder esperar a aprovação de uma nova lei? E quem está aguardando a concessão do benefício, depois da aprovação da PEC 06/2019, qual lei que vai valer na hora da concessão?” questiona.

PEC Paralela

Entre as mudanças incluídas na nova PEC, que ainda não tem data para ser votada, estão:

A secretária de Relações de Trabalho da CUT, Graça Costa, critica a inclusão de estados e municípios na reforma, sem um debate efetivo e sério com a sociedade como eles vêm fazendo durante toda a tramitação da proposta. Demorou apenas oito meses entre a chegada do texto no Congresso e a aprovação. “É um forte golpe contra a democracia”.

De acordo com a secretária, dos 5.572 municípios no Brasil, mais de dois mil têm regimes próprios, outros estão no regime geral. “Fazer uma reforma que os inclua, sem um debate amplo com as bases, é ignorar o processo democrático”.  

Para a dirigente, a reforma de Jair Bolsonaro (PSL) é ainda mais destruidora do que a apresentada por Temer, que foi barrada com a ajuda da população e dos movimentos sindicais e sociais.

“É a destruição da Previdência Social do país”, diz Graça, que reafirma o propósito de luta da CUT e as consequências para os parlamentares. Ela lembra que, em 2017, os atos e manifestações da Central, com apoio dos movimentos sociais, não só ajudaram a barrar a reforma da Previdência de Temer como impediram que mais de 50% dos deputados e senadores que aprovaram a reforma Trabalhista fossem reeleitos. A campanha “Se votou,não volta” foi um sucesso, afirma.

“Na última audiência pública no Senado em que estivemos presentes, avisamos os parlamentares sobre o que ocorreu com quem aprovou a reforma Trabalhista. Este é o nosso ultimato ao Congresso”.

Outros itens da PEC Paralela

A PEC 133/2019 também reabre por mais seis meses o prazo para que servidores públicos deixem o regime próprio de Previdência e migrem para o INSS e um sistema complementar (quem fizer a opção ganhará um adicional que leva em conta o tempo no serviço público, o Benefício Especial);

Tramitação da PEC Paralela

Naquarta-feira à noite (11/09) foi feita a segunda sessão de discussão em primeiro turno, à qual já foram apresentadas 10 emendas. A proposta ainda passará por três sessões de discussão, antes de ir para debate em segundo turno.

O presidente do Senado Davi Alcolumbre (DEM/AP), disse sexta-feira (13/09), que após acordo entre os senadores, a PEC Paralela será votada com uma diferença de 10 a 15 dias da PEC 006. De acordo com ele, após a aprovação pelo Senado, o texto será enviado para a Câmara que tem 40 sessões para votar, aprovar, ou não.

“A Câmara pode marcar sessões pela manhã e tarde, para não perder tempo e o texto ser aprovado ainda este ano”, afirmou em coletiva o presidente do Senado.

Fonte: CUT

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