DF: mortes por Covid entre 30 e 39 anos tiveram alta de 504% desde início da pandemia

by SINDESV-DF | 21/05/2021 8:51

Cartórios do Distrito Federal registraram aumento de 504% em abril deste ano no número de óbitos por Covid-19 da população na faixa etária de 30 a 39 anos[1] em comparação com a média de mortes de pessoas desde que a pandemia começou, em março de 2020.

Em números absolutos, apenas na comparação com o mês anterior, a alta na quantidade de óbitos em abril é de 55,35%. Os registros passaram de 56 mortes em março para 87 no último mês.

Os dados constam no Portal da Transparência do Registro Civil[2], base de dados abastecida em tempo real pelos atos de nascimentos, casamentos e óbitos praticados pelos Cartórios de Registro Civil do País, administrada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen)[3], cruzados com os dados históricos do estudo Estatísticas do Registro Civil, promovido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)[4], com base nos dados dos próprios cartórios brasileiros.

No DF, a faixa etária que registrou o maior percentual de aumento em relação à média desde o início da pandemia foi a da população entre 30 e 39 anos. Na sequência, mortes de pessoas com idades de 40 a 49 anos cresceram 471% em relação à média para esta faixa etária desde o início da pandemia. O aumento também se deu nos números absolutos em relação a março, passando de 131 para 206 — alta de 57,25%.

Um destes jovens que morreu em decorrência da Covid-19 é Valderez Alves da Silva, 38 anos. Vigilante, ele saía de casa apenas para trabalhar. Ao retornar, tirava a roupa que vestia na rua ainda na área e tomava banho. Mesmo assim, acabou contaminado e não resistiu. “Eu e as crianças mesmo não saíamos de casa. Tomávamos muito cuidado mesmo. Infelizmente, isso aconteceu”, lamenta Márcia Rodrigues, 32, viúva da vítima.

Foram 17 dias internado até o falecimento. Apesar de Valderez ter comorbidades, a esposa lembra que isso não foi fator principal para o óbito. “Os médicos disseram que conseguiram controlar a pressão dele. O problema mesmo foi atacar o pulmão”, explica.

Revivendo o sofrimento, ela diz que se sente indignada ao ver pessoas sem tomar os cuidados necessários. “O sentimento de entrar num hospital e ver aquele tanto de gente intubada e ter que reconhecer meu marido não tem explicação. As pessoas precisam de ter mais consciência e não esperar que ocorra com ela própria ou alguém da família para fazer algo”, defende.

Em abril, o Metrópoles noticiou outro caso no DF de uma jovem gerente de restaurante, de 39 anos[5], que faleceu após contrair a Covid-19.

A analista de qualidade Helen Carvalho da Silva, 32 anos, teve mais sorte. Começou a sentir os primeiros sintomas da Covid-19 no dia 3 de abril e no dia 15 testou positivo para a doença. “Chorei bastante, pois a gente sempre pensa o pior, que podemos morrer com essa doença. Fiquei muito abalada”, conta Helen. No dia 19/5, com a piora dos sintomas, realizou novos exames no Hospital Santa Lúcia e apresentou 15% de comprometimento do pulmão, com pneumonia leve.

Com o agravamento do caso, foi parar na UTI. “É uma doença muito solitária, as vezes eu não tinha forças nem de dar notícias aos meus familiares pelo meu celular, mas os médicos os tranquilizavam e davam as informações por mim”.

A paciente não chegou a ser intubada, e após 10 dias de internação com a melhora do quadro, foi transferida para a semi-UTI. Com a melhora do quadro, Helen gravou alguns vídeos na internet comemorando e com dicas para seus amigos se cuidarem e evitarem a doença.

Diminuição entre idosos

Por outro lado, idosos acima de 70 anos vêm representando queda significativa. Embora, em comparação com a média desde o início da pandemia ainda tenha observado alta, os números são menores que o pico da primeira onda, ocorrido em agosto, quando ainda não havia vacina disponível.

Na faixa entre 80 e 89 anos, por exemplo, foram 96 mortes em abril, enquanto que entre junho e outubro de 2020, foram registradas mais de 110 óbitos mensais. “A vacinação tem sido extremamente efetiva. Ela não diminui o risco de contaminação, mas evita muito óbitos”, comenta o epidemiologista e coordenador da Sala de Situação da Universidade de Brasília (UnB), Jonas Brant.

Segundo ele, no entanto, essa redução tem dado uma falsa sensação de segurança na população, que aos poucos volta a perder os cuidados básicos. “Diminuiu esse mês? Sim, mas ainda são quase mil casos confirmados por dia. Está longe de ser uma situação boa”, afirma.

Jonas critica a reabertura do comércio, uma vez que isso deixa mais pessoas expostas ao vírus. “A partir daí temos a doença circulando em mais pessoas e a possibilidade de mutação aumenta. Não dá para saber se a vacina eficaz hoje será eficaz numa terceira onda”, explica.

Para ele, é momento de controlar a pandemia, não se precaver com novos leitos. “É importante sim ter UTI, mas também é preciso ter medidas para controlar o contágio, o que não tem sido feito”, destaca.

Fonte: Metrópoles

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