Nesta quarta-feira (25), mulheres negras de diversos países comemoram o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A celebração foi instituída em 1992, ano em que ocorreu o primeiro encontro de mulheres negras da América Latina e do Caribe, na República Dominicana. Aqui no Brasil, no mesmo dia, também é comemorado o dia da Mulher Negra, em homenagem à líder quilombola Teresa de Benguela, símbolo da resistência negra na região do Vale do Guaporé, no Mato Grosso.
Além de ressaltar a força e a história dessas mulheres, a comemoração tem objetivo de debater pautas específicas, de acordo com as vivências femininas em cada um desses países. Isso porque as condições de vida das mulheres negras latinas e caribenhas merecem mais atenção. No Brasil, por exemplo, segundo dados da pesquisa Estatísticas de Gênero, do IBGE, apenas 10% das mulheres pretas ou pardas completam o Ensino Superior, o que dificulta o acesso a melhores condições de trabalho e remuneração.
“Vivemos um período em que o ataque aos direitos é visível. As ações desse governo ilegítimo nos classificam como últimas pessoas em termos de direitos, e a mulher negra é a que mais sofre nesse cenário de retirada e acesso às oportunidades”, lamenta a secretária de Mulheres da CUT Brasília, Sônia de Queiroz.
A dirigente enfatiza que, no Brasil, as mulheres negras recebem, em média, 1/2 do valor de salários recebidos pelas mulheres brancas e 1/4 dos valores de salários recebidos por homens brancos, na média geral do mercado. Ela ressalta que essas companheiras morrem numa proporção maior, sofrem mais abusos e estupros, são as maiores vítimas de violência obstétrica, além do racismo que lhes abate todos os dias.
“Gostaria de falar de avanços, mas, precisamos reconhecer que a situação de golpe em nosso país só agravou uma situação que já era complicadíssima. Porém, acredito que as mulheres são capazes de fazer uma grande revolução através da organização, enfrentamento e luta. Por isso, nós, da CUT Brasília, nos juntamos à luta das mulheres negras latino-americanas e caribenhas e ressaltamos a necessidade de aprofundar o enfrentamento por direitos, democracia e transformação”, finalizou.
A data
O Dia da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha foi criado em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-caribenhas, em Santo Domingos, República Dominicana.
No Brasil, a então presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 12.987 em 2014, que celebra o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Segundo a Fundação Cultural Palmares, Tereza de Benguela foi uma líder quilombola que viveu durante o século 18. Com a morte do companheiro, ela se tornou a rainha do quilombo e, sob sua liderança, a comunidade negra e indígena resistiu à escravidão por duas décadas, sobrevivendo até 1770, quando o quilombo foi destruído pelas forças de Luiz Pinto de Souza Coutinho e a população – composta por 79 negros e 30 índios -, morta ou aprisionada.
Fonte: Cut Brasília
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