Um curso de reciclagem para vigilantes terceirizados responsáveis pela segurança de ministros do Tribunal Superior do Trabalho (TST) terminou em pancadaria e virou alvo de investigação da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). O episódio ocorreu no último sábado (08/02/2020) e é apurado pela 23ª Delegacia de Polícia (P Sul).
Veja:
Mais de 40 profissionais estavam dentro do cômodo nesta hora. Eles participavam de formação exigida de dois em dois anos. Nas aulas, os trabalhadores aprendem sobre assuntos referentes à segurança pessoal. O cronograma das aulas aborda desde noções de direito, manuseio de arma, defesa pessoal a treinamentos de tiro e mobilização tática.
De acordo com um dos trabalhadores, o expediente já havia sido encerrado quando o episódio ocorreu. “Nós tínhamos terminado a prova escrita e fomos liberados para descer. Em outra sala, estava ocorrendo um curso paralelo de armas não letais. Do nada, os alunos deste curso apareceram na nossa sala e deflagraram a bomba”, explica um terceirizado, que não quis ser identificado.
O vigilante afirma que após o acionamento do armamento os demais ocupantes da sala começaram a passar mal. “Foi jogada essa bomba de efeito moral e privaram nossa liberdade. O pessoal começou a passar mal, tentou correr para locais mais arejados, mas mesmo assim foram atingidos pelo gás tóxico”.
Mais exaltados, alguns dos ocupantes do cômodo tentaram reagir, dando início à confusão. “Eu reagi, alguns colegas também. Estávamos tentando sair da sala. Não tem justificativa sobre o porquê isso teria acontecido. As pessoas passaram mal, tiveram cefaleia. Eu precisei ir ao hospital fazer um exame médico”, finalizou o profissional.
Em vídeo gravado pelos trabalhadores, é possível observar os ocupantes da sala passando mal e tossindo bastante. A gravação também mostra parte da troca de agressões.
Investigação
Após saírem da sala, vigilantes se dirigiram à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para registrarem um boletim de ocorrências. A comunicação foi feita às 22h de sábado (08/02/2020). Segundo a PCDF, os comunicantes da denúncia foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML). O caso, agora, será apurado pela 23ª DP.
Ao Metrópoles, o Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv-DF) afirmou ter tomado conhecimento da denúncia. De acordo com o diretor de comunicação e imprensa da entidade, Gilmar Rodrigues, o Sindesv irá levar o caso à Polícia Federal (PF).
Outro lado
Os trabalhadores são contratados pela Multiserv. Por telefone, o diretor do grupo afirmou à reportagem que ainda não havia sido comunicado sobre o episódio, que classificou como “natural”. “A academia em questão é uma empresa credenciada pela Polícia Federal. Não tive informações sobre o fato que me relatou, mas, provavelmente, o uso do gás está dentro da grade curricular. Então, é uma coisa que é natural, faz parte da turma para saber como é o potencial desse armamento. A Multiserv contratou uma empresa regular, mas vamos entrar em contato com academia”, explicou o gestor Luiz Gustavo Barra.
Procurada pela reportagem, a Academia Peritus afirmou ter aberto sindicância interna para apurar o episódio e que o procedimento apontou, preliminarmente, que um aluno do curso teria feito o acionamento do armamento, “sem autorização, consentimento e conhecimento da escola”.
“Informamos ainda que não sabemos a origem desse material, ficando a cargo da Polícia Civil, a averiguação do mesmo. O uso do gás foi feito sem que o professor estivesse em sala de aula, uma vez que o mesmo estava na coordenação”, manifestou-se a empresa no documento.
Acionados, a PF e o TST não haviam retornado à demanda até a última atualização da reportagem.
Fonte: Metrópoles
Assista reportagem transmitida, na manhã de quarta-feira 12/02/2020, pelo telejornal Bom Dia Brasil: