TST notifica empresa após bomba e confusão em curso de vigilante

Vigilantes que participaram da aula relataram que a confusão teve início após uma bomba de gás ser acionada

A empresa Multserv Segurança e Vigilância Patrimonial Ltda foi notificada pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST) a apresentar esclarecimentos sobre a explosão de bombas durante um curso para seguranças. O episódio ocorreu no último sábado (08/02/2020) e é apurado pelas polícias Civil e Federal. O tribunal cobra a adoção de procedimentos e apura as penalidades contratuais cabíveis.

O treinamento reciclagem para profissionais terceirizados responsáveis pela segurança de ministros do TST terminou em pancadaria. Vigilantes que participaram da aula relataram ao Metrópoles que a confusão teve início após uma bomba de gás com spray de pimenta ser acionada dentro de uma das salas. O responsável seria, supostamente, um instrutor da Academia Peritus, em Ceilândia, onde o curso era realizado.

Por meio de nota, o TST, além de confirmar a notificação, explicou que a contratação de academia credenciada pela Polícia Federal para realização do treinamento “é de inteira responsabilidade da empresa contratada (Multiserv), cabendo ao tribunal verificar se foi cumprido o conteúdo programático exigido”, diz o texto.

Veja:

Sindicato cobra investigação

Em um ofício enviado à Polícia Federal, o Sindicato dos Empregados em Empresas de Vigilância e Segurança do DF (Sindesv-DF) cobra uma apuração por parte da corporação. A PF é a responsável pela regulamentação e fiscalização dos cursos.

Diante das versões conflitantes apresentadas pelas partes envolvidas, solicitamos a especial colaboração dessa delegacia para que o fato seja investigado com isenção”, diz um trecho do documento.

Mais de 40 profissionais estavam dentro do cômodo no momento. Eles participavam de formação exigida a cada dois anos. Nos encontros, os trabalhadores aprendem sobre assuntos referentes à segurança pessoal. O cronograma das aulas aborda desde noções de direito, manuseio de arma, defesa pessoal a treinamentos de tiro e mobilização tática.

Como aconteceu

De acordo com um dos trabalhadores, o expediente já havia sido encerrado quando o episódio ocorreu. “Nós tínhamos terminado a prova escrita e fomos liberados para descer. Em outra sala, estava ocorrendo um curso paralelo, de armas não letais. Do nada, os alunos desse curso apareceram na nossa sala e deflagraram a bomba”, explica um terceirizado, que não quis se identificar.

O vigilante afirma que, após o acionamento do armamento, os demais ocupantes da sala se sentiram mal. “Foi jogada essa bomba de efeito moral e privaram nossa liberdade. O pessoal começou a passar mal, tentou correr para locais mais arejados, mas mesmo assim todos foram atingidos pelo gás tóxico.

Mais exaltados, alguns dos presentes no cômodo deram início à confusão. “Eu reagi, alguns colegas também. Estávamos tentando sair da sala. Não tem justificativa para isso ter acontecido. As pessoas passaram mal, tiveram cefaleia. Eu precisei ir ao hospital fazer um exame médico”, finalizou o profissional.

Em vídeo gravado pelos trabalhadores, é possível observar os ocupantes da sala passando mal e tossindo bastante. A gravação também mostra parte da troca de agressões.

Investigação

Após saírem da sala, vigilantes se dirigiram à 6ª Delegacia de Polícia (Paranoá) para registrar boletim de ocorrência. A comunicação foi feita às 22h de sábado (08/02/2020). Segundo a PCDF, os comunicantes da denúncia foram encaminhados ao Instituto de Medicina Legal (IML). O caso, agora, será apurado pela 23ª DP.

Ao Metrópoles, o Sindicato dos Vigilantes do DF (Sindesv-DF) afirmou ter tomado conhecimento da denúncia. De acordo com o diretor de comunicação e imprensa da entidade, Gilmar Rodrigues, o Sindesv levará o caso à Polícia Federal (PF).

O outro lado

Os trabalhadores são contratados pela Multiserv. Por telefone, o diretor do grupo afirmou à reportagem que ainda não havia sido comunicado sobre o episódio, que classificou como “natural”.“A academia em questão é uma empresa credenciada pela Polícia Federal. Não tive informações sobre o fato que me relatou, mas, provavelmente, o uso do gás está dentro da grade curricular. Então, é uma coisa natural, faz parte para a turma saber o potencial desse armamento. A Multiserv contratou uma empresa regular, mas vamos entrar em contato com academia”, explicou o gestor Luiz Gustavo Barra.

Procurada pela reportagem, a Academia Peritus afirmou ter aberto sindicância interna para apurar o episódio. Disse ainda que o procedimento apontou, preliminarmente, que um aluno do curso teria acionado o armamento, “sem autorização, consentimento e conhecimento da escola”.

Informamos ainda que não sabemos a origem desse material, ficando a cargo da Polícia Civil, a averiguação do mesmo. O uso do gás foi feito sem que o professor estivesse em sala de aula, uma vez que o mesmo estava na coordenação”, manifestou-se a empresa no documento.

 

Fonte: Metropóles

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