Reforma trabalhista é para acabar com representatividade dos sindicatos

“Conseguiram reduzir a reforma trabalhista somente para a questão do imposto sindical. Com isso, ficou parecendo que a luta travada pelos sindicatos era apenas contra o imposto. Na verdade, o imposto era o de menos”. A afirmação é do deputado Chico Vigilante durante a abertura do seminário Resistência à Reforma Trabalhista, realizado pela Fetracom-DF e pelo Sindicom-DF, nesta quarta-feira (16/08).

No evento, a avaliação de juristas, advogados, especialistas, sindicalistas e parlamentares foi de que a reforma trabalhista tem o objetivo de enfraquecer a ação dos sindicatos.

Para Chico Vigilante, o enfraquecimento dos sindicatos é primordial para as forças poderosas do capital retornarem a comandar o país. “Para voltarem a comandar o país, eles foram para cima dos sindicatos”, avalia.

Ele lembrou que, no tempo das privatizações da Era FHC, a entrega do patrimônio nacional somente não foi completa devido ao combate realizado pelos sindicatos.

Na avaliação, a aprovação do projeto da terceirização já satisfaz grande parte dos interesses do empresariado. “A terceirização sem limites coroou a retirada de direitos dos trabalhadores”. Avalia.

Chico Vigilante defende a divulgação ampla do nome dos partidos que apoiaram a reforma, além do nome dos parlamentares, para que a população conheça os deputados e as siglas contrários à classe trabalhadora brasileira.

A presidenta do Partido dos Trabalhadores no DF, deputada Erika Kokay, também afirmou que um dos objetivos da reforma trabalhista é acabar com os sindicatos. “Eles já aprovaram a terceirização que já quebra com os sindicatos. Em uma empresa, será possível dez sindicatos para representar os trabalhadores”, afirmou.

Erika Kokay avalia que o projeto da reforma trabalhista trazido por Michel Temer tem o poder de derrubar as conquistas dos trabalhadores. “Eles encontraram um caminho para retirar os direitos trabalhistas de uma vez só”, avalia.

Para Kokay, o ‘pato da Fiesp’ ludibriou grande parte da sociedade brasileira. Para a deputada, o pato da Fiesp se assemelha ao Cavalo de Troia, figura da história grega que simboliza o ‘presente de grego’. “A reforma trabalhista sai pior do que entrou no congresso. Agora, foram inseridas todas as pautas dos empresários e das indústrias nos textos que foram votados”, afirmou.

Ela informou que vai propor na Câmara dos Deputados uma série de matérias para desconstruir a reforma trabalhista.

Para a presidente do Sindicom, Geralda Godinho, a classe trabalhadora recebe todos os dias uma avalanche de notícias avassaladoras contra o movimento sindical e da própria economia nacional por meio da reforma trabalhista. “Mais do que nunca os sindicatos têm que estar combativos. Os trabalhadores precisam acordar para essa reforma”, afirmou.

O presidente da Fetracom-DF, Washington Neves, também destacou a necessidade da reforma trabalhista com os trabalhadores das diversas áreas. Para ele, a reforma só fere os direitos trabalhistas adquiridos nos últimos anos, principalmente, durante os governos do PT. “A reforma trabalhista é uma faca afiada dos dois lados contra o trabalhador”, avaliou.

Para o presidente da CUT Brasília, Rodrigo Brito, a reforma trabalhista também tem o objetivo de minar as ações dos sindicatos no âmbito das relações de trabalho. “Os sindicatos estão sendo gravemente atacados por essa reforma”, afirmou.

 

Seminário

A Fetracom-DF e o Sindicom-DF realizaram nesta quarta-feira (16/08) e quinta-feira o Seminário Resistência à Reforma Trabalhista. Durante os dois dias, juristas, advogados, especialistas e sindicalistas abordaram os diversos temas relacionados ao assunto, como “A reforma trabalhista e seus impactos na organização sindical, sobre a economia e direitos dos trabalhadores”, “O que fazer frente à reforma trabalhista” e “Negociação e contratação: redução de direitos; acordos individuais e por empresa”.

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